[Resenha] O ódio que você semeia


Starr é uma jovem dividida entre dois universos. Uma menina negra de bairro marginalizado, mas que estuda em uma escola predominantemente branca, onde ela é uma dos dois únicos alunos negros. Ela age de forma diferente nesses locais porque a única coisa que ela quer é passar despercebida. 

Porém a vida da jovem se torna conturbada quando após sair de uma festa com seu amigo, eles têm o carro parado pela polícia. Sem que tenham feito nada de errado, Starr e Khalil estão na mira de um policial. E quando menos se espera tiros são disparados e Starr assiste ao assassinato de seu melhor amigo. 

Quando se vê o quanto uma pessoa está fragilizada, é o mesmo que vê-la nua, e não tem como olhar para ela do mesmo jeito.

Não demora para que o caso esteja nos jornais e que muitos questionamentos surjam. Khalil era traficante? Bandido? Isso justificaria a morte? Um negro. Desarmado. Assassinado. Quantos casos não vemos pelo mundo praticamente igual a esse, em que um negro é sempre suspeito? Já vimos também a polícia confundindo guarda-chuvas com armas e metendo bala em preto. 

O negro. O morador de favela. O do bairro perigoso. Sempre é julgado primeiro. Isso é real. O livro tem uma carga reflexiva gigante. O racismo, o jovem que vê no tráfico a única vida que conhece e que vai proporcionar uma vida melhor. Porque gente, caiam na real, isso não é raro, é realidade. 

Os senhores de escravos também achavam que estavam fazendo a diferença na vida dos negros. Que os estavam salvando do 'jeito selvagem africano'. Mesma merda, século diferente. Eu queria que pessoas como eles parassem de pensar que gente como eu precisa ser salva.

Além dessa questão do assassinato, o livro traz outras questões, como a família de Starr ser ameaçada e a busca da jovem pela sua identidade. Os personagens que cercam a família central tem muitas questões que nos fazem refletir e levar uns tapas na cara. Um livro extremamente necessário e que eu recomendo demais a leitura. 

Precisamos lutar contra o racismo. Precisamos lutar pela igualdade em todos os níveis. Precisamos entender que nem todo mundo tem as mesmas condições na vida. Esse livro pode ser ficção, mas é extremamente real, então vamos ler e sobretudo refletir sobre o que lemos. 

Ficha técnica
Autora: Angie Thomas
Editora: Galera Record
Ano: 2017
Páginas: 378

NOTA: 5/5 🌟



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