Resenha | Vidas de meninas e mulheres

Neste livro de Alice Munro, acompanhamos a Del. Começamos com a infância e perspassamos pela transformação para a vida de mulher, como muito bem o título nos traz. Confesso que o começo da leitura foi mais difícil por aqui, não em questão da escrita, mas pela trama. Foi meio confuso, até eu entender que cada capítulo nos levava a experiências que vão transformando a garota. 

Esse é o único romance da autora que traz uma história ordinária, sem grandes acontecimentos, sem reviravoltas, mas foca no cotidiano. Em situações mundanas, mas que são transformadoras de vidas. Eu acredito muito que a vida é feita no ordinário. Que há dias extraordinários e grandiosos em nossas histórias, mas é na construção do dia-a-dia que a magia acontece e que, infelizmente, nem todo mundo se dá conta de que vale aproveitar o simples e o cotidiano. 

É uma escrita potente e poderosa, em personagens comuns, em uma história comum. E em muitos momentos me vi, de certa forma, na Del. Mesmo se passando na década de 40, numa época bem diferente da atual, acho que muitas questões da personagem são atemporais no ser humano, e sobretudo, nas mulheres. Ela observa, ela se nota nas diferenças, ela divide as dúvidas e dádivas de amadurecer. É um livro sobre crescimento, amadurecimento. 

Del é uma menina inteligente, com um cérebro questionador e grandiosa demais para a pequena cidade do interior em que vive. Para as mulheres, acredito ser fácil se identicar com essa trama e acredito que boas reflexões podem ser feitas. Apesar de não ter nada de extraordinário, como já comentei, vale a pena a leitura. É a beleza ordinária da transformação de uma menina em mulher e as questões que acontecem com essa fase da vida. 

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