Resenha | Honra

 Smita é indiana, mas há anos não coloca os pés no solo do seu país natal. Hoje, ela leva a vida sem fincar raízes já que trabalha como jornalista e essa ocupação a leva por vários lugares. Apesar de ter um apartamento, ele é bastante impessoal, já que nem vive nele. Mas a vida dessa jornalista está prestes a mudar. Suas férias nas Maldivas acaba sendo interrompida quando recebe a ligação de uma amiga. A amiga precisa de ajuda após sofrer um acidente e necessitar ser operada. E a amiga está na Índia.

 Não sabemos a princípio o porquê, mas Smita prometeu a si mesma que não voltaria ao país, mas não pode se negar a ajudar. Mas ela também não imaginava que a ajuda não era bem o que parecia. Smita acaba trabalhando em seu tempo na Índia em um caso bastante forte e duro. Uma mulher, Meena, teve o corpo queimado pelos próprios irmãos ao não aceitarem o seu casamento com um homem de outra religião. Com o corpo repleto das marcas, Meena também perdeu o homem que amava. 

 Com essas duas mulheres tão diferentes entre si, nós vamos conhecendo suas vidas. Uma com a visão do ocidente, uma mulher livre, independente. Do outro uma mulher de vilarejo, onde os homens têm as palavras finais e onde a religião diz tanto sobre os costumes e a vida. Esse contraste entre elas é interessante de acompanhar e perceber a força de cada uma delas. Cada uma com uma potência tão diferente, mas tão forte. 

 O livro é bastante doloroso. Não é uma leitura fácil e teve cenas que me deixaram impactada. São chocantes e cruéis. Mas apesar de doer, essa leitura acalenta. As mulheres se transformam, sobretudo Smita. O lugar que ela não queria visitar nunca mais, foi o lugar que a fez nascer de novo. 

 Uma história que nos mostra uma cultura tão diferente da nossa, que nos fala sobre mulheres fortes e que existem vários tipos de força. Que fala sobre raízes e sobre liberdade, a liberdade da escolha. Que fala de humanos, com seus defeitos e virtudes. Uma história sobre família e sobre amor. E também sobre religião e nos leva a refletir, até onde as pessoas são capazes de ir, sem enxergar que as atitudes delas não são sobre o que prega a religião? Até onde a intolerância é capaz de tomar o ser humano? 

 Honra merece ser lido. Tenho certeza que ele vai te tocar como conseguiu fazer comigo. E vai te levar a refletir, a sofrer, mas a ser acalentado com a esperança. 


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