E é nesse pano de fundo real que conhecemos a história de duas famílias amigas, que romperam os laços por conta de toda essa situação política. Mas conhecemos aos poucos com uma narrativa não linear que vai nos desmembrando a situação política e dos personagens envolvidos. Apesar de ter ocorrido um estranhamento inicial com a escrita de Fernando, depois de algumas páginas consegui pegar o fluxo e aí, foi só me deixar levar. Algumas palavras em basco fazem parte do texto, muitas delas achei intuitivas de saber o significado, mas pra ajudar o livro conta com um glossário no final.
Bittori perdeu o marido, que foi assassinado pelo ETA. E acabou sendo hostilizada pela vila onde viviam e até mesmo pela melhor amiga e família, que eram como carne e unha. Mas quando o conflito armado dá trégua, ela retorna, remexendo em um passado dolorido e conturbado.
E é intensa a forma como vamos entendendo tudo que se passou entre essas pessoas. Com personagens reais, humanos, que me fizeram sentir empatia, solidariedade, tristeza e até mesmo raiva, o autor me fez entender ao final dessa história porque na contracapa diz que nessa história não há mocinhos e nem bandidos, mas vítimas. Cada um dos personagens possui seus erros e virtudes, e até mesmo a que mais me causou raiva, conseguiu amansar esse sentimento. Vejo que até mesmo ela foi vítima de uma fé cega.
Essa foi uma leitura marcante, que levarei comigo. Uma trama que fala de política, mas acima de tudo, que fala de humanidade, de perdão, de compaixão e sim, também de amor. Pátria é uma leitura mais densa, mas que valeu cada página lida.
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