CIRANDA DE PEDRA | LYGIA FAGUNDES TELLES



NA CIRANDA DA VIDA...


Publicado em 1954, Ciranda de pedra foi escrito por Lygia Fagundes Telles. Nele temos como protagonista, Virgínia, que na primeira parte do livro é uma criança. Pelo ponto de vista dela, vamos aos poucos entendendo os dramas que rodeiam a sua família. Um escândalo aconteceu na sua infância. Sua mãe abandonou a família para ficar com o amante, levando consigo apenas a filha mais nova, Virgínia, e deixando a família burguesa em polvorosa.


E é pela visão de uma menina que vamos conhecendo os porquês e as consequências dessa escolha de sua mãe. Virgínia é uma menina um tanto maldosa e mimada na primeira parte, que não se dá conta da gravidade das situações que a cercam. Cega pela sua paixonite por um vizinho e por sua vontade de voltar à riqueza da casa do pai. Virgínia busca aceitação de todos os lados por se sentir inferiorizada, e em muitos aspectos ela é mesmo tratada de forma inferior. O desejo dela é se encaixar em algum de seus círculos.


A segunda parte vai trazer a Virgínia após alguns anos, saída do seu colégio interno. Agora ela começa a perceber que as coisas que ela acreditava, não passavam de ilusão. Ela via as pessoas com inveja, sem se dar conta que cada uma delas, tinha as suas tristezas e frustrações. E acho que isso acontece bastante com todos nós. Ter ilusões de infância quebradas.


Como é um livro curto, não cabe falar muito sobre a trama pra não acabar estragando futuras experiências. Não amei o livro, mas ele traz temas bem importantes como lesbianidade e impotência sexual, sobretudo por terem sido trabalhados em 1954. O livro no geral é bem atemporal, mostrando a vida real sem ilusões. Personagens com defeitos, com desilusões.


Mas infelizmente o livro traz a Virgínia racista na infância, me causando um incômodo quando li. De todas as resenhas que li, não encontrei comentários quanto a isso, mas Virgínia comete racismo com a empregada negra.  Infelizmente, alguns clássicos possuem trechos racistas que hoje, precisam ser apontados e usados pra reflexão. Lembrar a época e o contexto é necessário, mas fechar os olhos, lendo hoje em dia, não dá.


Enfim, o livro é interessante, mas não tão empolgante. A primeira parte certamente me deixou bem mais instigada do que a segunda, que me deixou um tanto quanto entediada. Mas valeu a pena mais um clássico nacional na lista de lidos.


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