Li há um tempo atrás uma discussão sobre um livro que tem relacionamento abusivo romantizado que aconteceu no Twitter. O livro em questão não é o importante e sim uns comentários que li, que diziam mais ou menos o seguinte: "alguém com cérebro nunca vai desejar um cara desses?", "dá pra ser fã e entender que a relação não é legal". Pois é, para algumas pessoas dá sim, mas achar que todo mundo vai enxergar relações abusivas como erradas se elas são romantizadas, é TOTALMENTE EQUIVOCADO.
VOCÊ pode conseguir discernir o quanto isso é errado, mas a sua cabeça não é a mesma cabeça dos outros. E não, isso não tem nada a ver com ter cérebro. Relações tóxicas podem ser muito sutis e nem todo leitor tem as mesmas visões, tem o mesmo discernimento, tem o mesmo entendimento, tem a mesma maturidade para compreender. NÃO É PORQUE VOCÊ ENTENDE, QUE OS OUTROS VÃO ENTENDER.
Algumas pessoas vão confundir a posse do personagem com amor. O ciúme com paixão. Mandar com cuidar. E isso, pode sim, refletir no que quem estiver lendo vai naturalizar e até, talvez, aceitar receber na sua vida. Você pode ser fã, você pode gostar e perceber, discutir o relacionamento abusivo, mas nunca ache que romantizar relações assim não pode afetar de forma negativa alguém. PODE E VAI. A questão é VOCÊ ENXERGA, MAS NEM TODO MUNDO ENXERGA IGUAL.
Se você gosta de um livro com romantização de relacionamentos tóxicos e enxerga isso, SEMPRE QUE POSSÍVEL fale sobre o quanto isso é ruim e errado, sobretudo se você é criador de conteúdo. Tá tudo bem gostar, mas lembre que há pessoas que podem não discernir o quanto a relação é tóxica quando ela é romantizada. Na ficção, uma mocinha pode transformar o abusador em um príncipe encantado, na realidade, a chance mais provável é que ela seja morta por ele. Na ficção é provável que ele possa entender e se redimir, na realidade, o mais provável é que ele se torne quem comete violência contra a mulher, fazendo com que ela vire uma estatística nos números do feminicídio.
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