[Resenha] O conto da Aia


Uma sociedade criada para que todas as mulheres vivam em harmonia, era esse o pensamento em Gilead. Todas com as suas tarefas divididas e suas posições bem definidas. Parece que isso é muito bom quando dito assim, porém não é. Isso aconteceu devido a tomada religiosa de uma seita e não, não fez bem as mulheres.

Isso é o que somos agora. As condições de vida foram reduzidas; para aquelas dentre nós que ainda têm condições de vida.

Esse livro é uma distopia, mas não daqui a cem, quinhentos ou mil anos. É algo próximo e que vai ser introduzido aos poucos e o momento que lemos é a transição do mundo como é para o que irá se tornar. As mulheres começaram a ser impedidas de trabalhar, de usar as suas contas bancárias e logo já não tinham mais a liberdade de escolher o que fazer com suas vidas. 

Acompanhamos o livro pela narrativa de uma dessas mulheres. Ela foi separada do marido, teve a filha levada e foi destinada ao posto de Aia. Mulheres que haviam dado à luz a crianças saudáveis foram classificadas como boas procriadoras e é essa a única função da nossa protagonista. 

Acredito na resistência do mesmo modo que acredito que não pode haver luz sem sombra; ou melhor, não pode haver sombra a menos que haja luz.

Eu não vou entrar muito nos detalhes do universo descrito no livro porque ler sobre como as mulheres foram divididas e as suas "tarefas" foi o que mais me marcou durante essa leitura. Em determinados cenas eu precisava largar a leitura e dar uma respirada porque por mais que isso seja ficção, para nós mulheres, é muito fácil imaginar que isso seja real. 

Vi que algumas pessoas tiveram problema com a escrita da Margaret, mas isso não aconteceu comigo. A leitura só foi um pouco confusa no início, mas logo entendi e segui o fluxo. Já havia lido o 'Vulgo Grace' da mesma autora e escrita dela era da mesma maneira e me agrada, mas já saiba que não funciona para algumas pessoas, o que também não quer dizer que a trama não vai te tocar.

Mas por toda parte sobre as paredes há estantes. Elas estão cheias de livros. Livros e livros e livros, bem ali, bem visíveis a olho nu, sem tranças, sem caixas. Não é de espantar que não possamos entrar aqui. É um oásis do que é proibido.

A história de 'O conto de Aia' é chocante e traz uma grande reflexão. Nos faz pensar o mundo e como o mundo enxerga as mulheres e nos questionar: falta muito para que a realidade de Gilead nos alcance? Algumas pessoas dirão que isso jamais, que é muito imaginativo, mas eu não tenho tanta certeza assim... 

Ficha técnica
Autora: Margaret Atwood
Editora: Rocco
Ano: 2006
Páginas: 368
NOTA: 4,8 / 5,0 ⭐


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