Resenha - Apenas uma garota

O livro começa nos apresentando Amanda Hardy, uma garota que está se mudando para viver com o pai que há muito tempo não vê. A relação com o pai não é das melhores, mas pela segurança da filha, o pai a aceita em sua casa. 


Ficha técnica
Autora: Meredith Russo
Ano: 2017
Editora: Intrínseca
Páginas: 240


Amanda já foi Andrew e isso causava muitos problemas em sua antiga cidade. Foi agredida centenas de vezes e por isso, busca uma vida nova, aonde ela possa ser quem sempre quis. Em uma nova escola, Amanda é vista pelos garotos como uma mulher linda e, assim, conquista paqueras logo em seus primeiros dias. Por saber que as pessoas têm muita dificuldade em aceitar o seu passado, ela é muito receosa com as pessoas que se aproximam e por isso rejeita quaisquer comprometimentos. 

Além de garotos, faz amizades e finalmente consegue viver uma vida normal. Aos poucos, Grant, um dos garotos que a paquerou, consegue chegar ao coração de Amanda e um namoro começa. Mas o dilema de estar escondendo um grande segredo ronda o relacionamento bonito que construíram. 

Pensei na cicatriz acima da orelha e lembrei que, mesmo já tendo feito a cirurgia, mesmo que já não existisse nada além nada além de documentos que pudessem revelar meu passado, eu nunca estaria realmente segura.
Esse livro foi uma leitura linda e eu o guardarei sempre no coração. Um romance que devia ser como qualquer outro, comum, mas que por trazer um personagem transgênero, causa uma comoção maior, infelizmente. Um assunto tabu na nossa sociedade, mas que Meredith, autora que é trans, soube trazer de forma simples e ao mesmo tempo tocante.

É impossível não ficarmos torcendo pela Amanda, mesmo prevendo que as pessoas podem não ser tão legais com ela. O segredo uma hora, claro, virá a tona e o que será que as pessoas que estão se tornando tão especiais para ela irão fazer? Claro que tem romance, mas a história não é sobre o casal, é sobre uma garota querendo e lutando para viver a sua vida.

—Ele se matou ou foi alguém que fez isso com ele?
—Se as pessoas levam você a fazer uma coisa — sussurrou Grant, com a voz trêmula —, a responsabilidade é delas.
Com uma narrativa leve e fluida, eu devorei esse livro e não conseguia parar porque eu precisava saber se a Amanda ia, enfim, encontrar um lugar, um lar. Foi o meu primeiro livro sobre essa temática e ele precisa ser lido e refletido. Com flashbacks de sua vida como Andrew, antes da transformação, o livro nos dá um grande soco. O sofrimento, a dor de estar preso em quem não é, o abandono das pessoas ao seu redor.

Um livro com a representatividade trans que não trata apenas disso, mas de amor, de amizade, de lealdade, de esperança. Um livro que precisa ser lido.

Refleti sobre o fato de que todas as pessoas podiam ter duas verdades dentro de si, e sobre como às vezes era impossível alinhar o interior e o exterior.


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