Hoje em dia nós temos bem mais livros com representatividades do que há uns tempos atrás, não é mesmo? Mas há uma pequena diferença entre livros que entregam, de fato, a representatividade e livros que só entregam representação e eu vou tentar te explicar.
Quantas histórias a gente já viu em que o personagem gordo é apenas o amigo do protagonista que não participa ativamente da história e não é bem trabalhado? Quantas vezes não li livros policiais e de suspense em que o negro só estava ali sendo um personagem secundário? Isso é representação. Colocar um personagem que representa uma minoria sem que isso seja trabalhado, sem que esse personagem tenha nenhuma camada a mais pra nos apresentar. É colocado ali só pra isso, representar.
Para uma história ser representativa ela precisa de mais do que isso. Os personagens precisam de espaço, precisam ser trabalhados, precisam de protagonismo. O personagem precisa participar de forma ativa dessa história, precisa de camadas, de complexidades, assim como todos os personagens que conhecemos que representam a massa.
Não adianta colocar minorias só pra tapar o buraco e pagar de que coloca personagens representativos. Dessa forma, essas presenças são apenas problemáticas. E colocar representatividade não quer dizer para colocar personagens num pedestal, não. Simplesmente colocar personagens com as suas complexidades, com defeitos, como seres humanos e que tenham uma papel com presença, sendo bem trabalhados.
🗣️ VOCÊ JÁ TINHA PENSADO SOBRE ISSO?
2 Comentarios
Eu tenho notado que há um consumismo exacerbado na literatura nesses ultimos anos com a comunidade LGBT... Apenas jogam o personagem: Gay, Lésbica, Trans... como se fizesse parte de uma cota de quantidade de personagens que são obrigatórios para que o livro tenha representação. Sinto que, eu falho enquanto leitora em não ler tanto livros com essa temática devido a minha critica.
ResponderExcluirhttps://expressoliterarios.blogspot.com/
Concordo completamente. Acho esse debate super importante, até porque já deu de pessoas privilegiadas tratarem das vivências das minorias como algo que não merece respeito; e o respeito também é dado, pelo escritor, na hora de estudar adequadamente sobre o que você vai escrever. Se o escritor não está disposto a fazer direito, então que nem faça. E se não estiver disposto a sustentar essa decisão diante da comunidade literária, cada vez mais exigente, então que não publique.
ResponderExcluirMelhor do que ser irresponsável.