[Resenha] A moradora de Wildfell Hall

Helen Graham chega ao povoado e como nova vizinha, desperta o interesse geral de quem vive aos arredores de Wildfell Hall. Porém os vizinhos aos poucos percebem que ela é diferente das demais jovens. Prefere se manter distante e não faz questão das formalidades sociais da época. Vivendo apenas com o filho em uma casa praticamente inabitável, gera boatos e mexiricos.
Ficha técnica
Autora: Anne Brontë
Editora: Landmark
Ano: 2008
Páginas: 361
O livro começa nos apresentando cartas escritas por Gilbert Markham, nas quais ele relata a um amigo como conheceu a sua nova vizinha e todos os mistérios que a cercam. Somos apresentados a uma Helen distante, dedicada ao filho e até em certos momentos fria, mas o que a levou a morar em uma casa mal habitável e ser tão introspectiva?

Após lermos alguns capítulos pela visão de Markham e descobrirmos junto com ele a sua paixão crescente por aquela mulher da qual todos desconfiam e julgam como inapropriada, podemos ter a versão de como Helen chegou onde está, narrada pela própria. 

Seu rosto estava voltado para mim e havia algo nele que, uma vez visto, me convidada a olhar novamente.

Helen era uma jovem recatada, delicada, devotada à família e a sua religião e após recusar alguns bons casamentos, ela se vê envolvida por um rapaz que tem uma fama duvidosa, mas ela está certa de que pode mudar os seus hábitos e assim aceita o seu pedido de casamento, mesmo com a sua tia e tio não sendo tão favoráveis.

Os primeiros meses são de amor, mas não demora e Arthur Huntington, mostra a Helen sua verdadeira face e o que era felicidade começa a se tornar em um tormento para a jovem e os acontecimentos que se sucedem a levam à Wildfell Hall. 

A escrita de Anne é um tanto quanto rebuscada, mas isso não dificultou a minha leitura desse clássico. As narrativas alternadas ajudam também a que a leitura se torne mais fluída e de fácil compreensão. 

Caso queira que seu filho caminhe honoravelmente pelo mundo, você não deve tentar retirar as pedras do seu caminho, mas ensiná-lo como andar sobre elas com firmeza.

Quando lemos clássicos, precisamos lembrar em que época e ambiente ele foi escrito e esse teve a sua primeira publicação em 1848 sob o pseudônimo de Acton Bell, já que quando escrito era inadmissível uma mulher escrever e ainda mais ter escrito uma personagem feminina que fugia às regras e personagens masculinos mostrados com seus maiores defeitos de forma crua. 

Anne nos mostrou como os homens viam as mulheres e as elegiam para serem suas esposas. A mulher precisava se manter calada mesmo com seu marido a humilhando e envergonhando. Diz-se que esse livro era proibido para as moças da época lerem e sendo lido hoje, se entende bem o porquê. 

Há sorrisos e lágrimas são semelhantes para mim, nenhum deles estão confinados a quaisquer sentimentos em particular: frequentemente choro quando estou feliz e sorrio quando estou triste. 

Uma trama atemporal, infelizmente. Abuso doméstico, machismo e a luta pelos seus sonhos e ideais escrita por uma Anne Brontë acometida por uma terrível tuberculose que a levou à morte um ano após a publicação de seu livro. 

Uma estória de amor, com assuntos relevantes e que eram e são de extrema importância que se note e que se pense sobre. Um clássico que me arrebatou, me tocando fundo. Certamente, um de meus clássicos prediletos. 

NOTA: 5/5 🌟 + 💓







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